Já faz um tempo que venho pensando em escrever sobre o vício de agradar ao outro deliberadamente e sem consciência, pois, percebo que esta atitude é uma das grandes armadilhas num relacionamento. De maneira nenhuma desejo causar uma má interpretação e dar a entender algo diferente daquilo que realmente almejo, então, espero conseguir escrever de forma sensata e coerente. Então, vamos lá....
Quem de nós nunca se pegou pensando ou falando algo como:
- Eu sempre agrado a fulana(o) e ela(e) nunca me agrada ou reconhece o que eu faço por ela.
Ou ainda:
- Eu fiz de tudo, me anulei por ele(a) e não ganho nenhum agradecimento...
Na maioria das vezes esses pensamentos vem acompanhados de fortes sentimentos de raiva, frustração e até autopiedade.
- Eu sempre agrado a fulana(o) e ela(e) nunca me agrada ou reconhece o que eu faço por ela.
Ou ainda:
- Eu fiz de tudo, me anulei por ele(a) e não ganho nenhum agradecimento...
Na maioria das vezes esses pensamentos vem acompanhados de fortes sentimentos de raiva, frustração e até autopiedade.
Mas, vamos refletir um pouco sobre o que há por trás dessa atitude de agradar ao outro?
Todo ser humano gosta de se sentir apreciado, admirado e recompensado por aquilo que faz de bom e em alguns casos até por aquilo que não faz, mas, essa é outra história. Então quando agradamos a alguém fazemos isso com um objetivo que é o de demonstrar afeto pela pessoa ou mesmo mostrar que temos certas habilidades e que gostaríamos de ser devidamente reconhecidos por essas habilidades. Até ai é totalmente compreensível que criemos certas expectativas em relação a agradar ao outro, porém, se analisarmos bem, quando agradamos na verdade queremos é ter esse retorno do outro e não necessariamente fazer algo para que o outro se sinta bem, pois, no geral agradamos ao outro, baseados na suposição de que o outro gostará disso ou daquilo, poucas vezes, perguntamos exatamente o que o outro gosta e como poderíamos agradá-lo. E isso que me desculpem os pseudobonzinhos e pseudoboazinhas nada mais é do que puro egoísmo, já que do contrário, procuraríamos saber com a pessoa em si o que a agrada e independente do retorno que tivéssemos não ficaríamos frustrados com aquilo que recebemos ou não em troca.
Então todos nós nascemos egoístas e isso ocorre por uma questão de sobrevivência, mas, com o passar do tempo e conforme vamos nos desenvolvendo esse egoísmo inato deve dar lugar a atitudes mais elevadas de altruísmo e socialização para que nossa vida em sociedade possa ser plenamente suportável para nós mesmos e para aqueles que convivem conosco. Esclarecido isso, devemos ter em mente que quando agradamos a alguém este retorno pode vir ou não e nem sempre virá da maneira que gostaríamos.
Isso acontece porque cada um de nós, ainda que usemos dos mesmos mecanismos para construir um pensamento, executar uma fala, em nossa essência, em nosso caráter, nossos pensamentos, valores e atitudes são diferentes um dos outros. Nós possuímos um mapa mental e emocional próprios, baseados em nossas experiências de vida, cultura, ambiente familiar, educacional, social e vamos reagir conforme este mapa que possuímos e não conforme o outro deseja. Muitas das vezes, a resposta, ou seja, a reação do outro, não irá nos satisfazer plenamente, frustrará nossas expectativas, dai todo o "bom ato" que tivemos se desintegrará numa sensação angustiante de rejeição, rancor e mágoa, muita das vezes. Afinal não é fácil lidar com a ingratidão.
Isso acontece porque cada um de nós, ainda que usemos dos mesmos mecanismos para construir um pensamento, executar uma fala, em nossa essência, em nosso caráter, nossos pensamentos, valores e atitudes são diferentes um dos outros. Nós possuímos um mapa mental e emocional próprios, baseados em nossas experiências de vida, cultura, ambiente familiar, educacional, social e vamos reagir conforme este mapa que possuímos e não conforme o outro deseja. Muitas das vezes, a resposta, ou seja, a reação do outro, não irá nos satisfazer plenamente, frustrará nossas expectativas, dai todo o "bom ato" que tivemos se desintegrará numa sensação angustiante de rejeição, rancor e mágoa, muita das vezes. Afinal não é fácil lidar com a ingratidão.
Quando vamos agradar a alguém devemos ou pelo menos deveríamos ter em mente que o outro não vai necessariamente corresponder a áquilo que queremos e desejamos. É preciso haver um desapego neste sentido, pois do contrário a frustração será imensa e o modo como cada um reage a uma frustração corresponde ao que ele realmente é em sua essência ou em seu caráter. Mesmo porque é muito fácil ser solícito, amigável, simpático, quando tudo está bem e quando o outro faz aquilo que queremos, como queremos, na hora em que queremos, mas nisso não há virtude e nem aprendizado algum.
Então antes de sair por ai agradando, pense bem:
"O que eu estou fazendo é algo que me agrada ou me faz sentir usada(o)? É algo que me agride? É algo que me faz sentir sobrecarregada(o)? É algo que vai contra meus valores e princípios?
É algo que estou fazendo para receber alguma recompensa, elogio ou favor? Qual é esta recompensa, elogio ou favor que desejo receber? Numa escala de 0 a 10, o quanto receber em troca é importante?
"O que eu estou fazendo é algo que me agrada ou me faz sentir usada(o)? É algo que me agride? É algo que me faz sentir sobrecarregada(o)? É algo que vai contra meus valores e princípios?
É algo que estou fazendo para receber alguma recompensa, elogio ou favor? Qual é esta recompensa, elogio ou favor que desejo receber? Numa escala de 0 a 10, o quanto receber em troca é importante?
Parece papo de louco, mas, refletir sobre isso, antes de agradar, faz com que nossos pensamentos entre em acordo com nossas atitudes e não corremos o risco de nos tornarmos hipócritas, desonestos e incoerente com nós mesmos.
Sejam quais forem as respostas para essas questões, jamais faça algo a alguém que seja contra seus valores, princípios, não se sacrifique a este ponto, NÃO SE ANULE! Pois, por mais que se sacrificar seja bonito na teoria, na prática cedo ou tarde, você vai cobrar a quem você se sacrificou com juros e correção e muitas das vezes da pior maneira possível. Ainda não atingimos um nível psicológico e até mesmo espiritual elevados de autoconhecimento e controle do Inconsciente, do Ego, Super Ego, tão elevado a ponto de afirmarmos com convicção e atitude, que não desejamos receber absolutamente NADA em troca.
Não estou sugerindo com isto, que sejamos individualistas, egocêntricos e não tenhamos para com os nossos semelhantes atitudes de amor e compaixão, que não cedamos. Mas, não façamos coisas contra aquilo que acreditamos ser o correto, pois o preço a pagar é alto demais.
Façamos pelo o outro aquilo que conscientemente decidimos fazer de boa vontade independente do retorno, que pode vir ou não, tenhamos flexibilidade, façamos acordos honestos conosco e com os outros, cedamos naquilo que temos plena consciência do que e por que estamos cedendo.
Por exemplo: Imaginemos um casal. A esposa é imensamente fã de um certo tipo de música, enquanto o marido é fã de outro tipo completamente diferente. Sua esposa deseja muito que ele vá com ela a um show, só que ele detesta, mas, para agradá-la ele vai. Meses depois, vai haver um outro grande show de música na cidade, só que agora do gosto musical dele e ele quer muito que ela vá junto, mas, ela não gosta do tipo de música e não vai.
Está instalada uma briga, o marido irritado cobra da esposa a mesma disposição que ele teve, quando mesmo não gostando do gosto musical dela ele foi e ela não quer fazer o mesmo para agradá-lo, os dois discutem feio e ficam chateados um com o outro.
Vemos neste exemplo algo muito recorrente entre casais, principalmente no inicio da relação em que um quer agradar ao outro para conquistar.
O marido fez algo que não queria fazer apenas para agradar a sua esposa, um ato a princípio de amor, não? Sim! Mas, do que adiantou este ato se quando ele quis o mesmo, não obteve? E não obtendo o mesmo, por isso se sentiu rejeitado e usado. Todo o ato que a principio era por amor foi desfeito, dando lugar a um forte sentimento de raiva e frustração.
O marido fez algo que não queria fazer apenas para agradar a sua esposa, um ato a princípio de amor, não? Sim! Mas, do que adiantou este ato se quando ele quis o mesmo, não obteve? E não obtendo o mesmo, por isso se sentiu rejeitado e usado. Todo o ato que a principio era por amor foi desfeito, dando lugar a um forte sentimento de raiva e frustração.
Neste caso se o marido tivesse refletido sobre as questões listadas acima antes de tomar a atitude de ir ao show com a esposa, iria ter uma atitude mais honesta consigo mesmo. Se decidisse ir ao show, mesmo quando ela não quis ir com ele ao show de suas músicas preferidas, iria com ou sem ela, sem jogar na cara o que já havia feito, e sem brigar. Se tivesse decidido não ir ao show, não ia se sentir culpado, porque sabia o que estava fazendo, ou seja, ele não queria ir e tinha seus motivos para isso. Então, gentilmente explicaria a esposa que não ia querer ser uma má companhia para ela por não gostar daquelas músicas e ter que ir só para agradá-la, e assim evitaria ficar deslocado e de cara feia, com exceção de algumas, muitas mulheres entenderiam a explicação desde que fosse sincera e gentilmente explicada.
Ou ainda, o casal podia chegar a um consenso e combinar de ir a um show que agradasse aos dois. Ou combinar de que cada um pelo menos uma vez iria acompanhar ao outro e se após isso, se perceberem que realmente cada um detesta mesmo o gosto musical do outro, nunca mais iriam acompanhar um ao outro neste tipo de programa. Enfim outras decisões melhores poderiam ser tomadas que não resultariam em brigas tolas.
Este é apenas um simples exemplo de como agimos em relação ao agradar ao outro esperando retorno e como temos que ter jogo de cintura para saber fazer as concessões nos momentos certos e não de qualquer jeito e de qualquer maneira, porque no fim vamos querer cobrar isso.
Sendo assim, antes de começar a agradar ao outro deliberadamente e querer uma bela recompensa em troca, que tal buscar o autoconhecimento e começar a praticar a só dar ao outro aquilo que pode e quer dar, de boa vontade, sem querer nada em troca, hein?!
Sendo assim, antes de começar a agradar ao outro deliberadamente e querer uma bela recompensa em troca, que tal buscar o autoconhecimento e começar a praticar a só dar ao outro aquilo que pode e quer dar, de boa vontade, sem querer nada em troca, hein?!
LailaMell