Quem nunca assistiu as diversas comédias românticas do cinema ou assistiu a alguma reportagem sobre casais imensamente apaixonados, respirou fundo, e desejou o mesmo para si?
Realmente a paixão nos motiva a ter uma vida mais plena, parece que realmente estamos vivos, sentimos que o outro nos completa e é tudo para nós. Mas, essa sensação não é eterna e obstáculos surgem no caminho. Por mais que quem está apaixonado não queira admitir, a paixão é algo que passa e acaba, acredito que as pessoas podem treinar para manterem a paixão, mas, para isso exige maturidade, decisão, consciência e boa vontade, pois, esta paixão não será mais a paixão química, da forma que a conhecemos e sim, será uma paixão comportamental.
Acho que para o apaixonado não há coisa pior do que não ter sua paixão correspondida, quando isso ocorre, um abismo abre-se diante da pessoa apaixonada, tudo de bom se desfaz, a paixão dá lugar a áquilo que seu significado etimológico diz: "sofrimento", SIM, é isso que a paixão se torna, um grande sofrimento para quem está apaixonado e dependendo das consequências, também para quem é alvo dessa paixão.
Geralmente esta paixão nos cega, nos faz agir somente por esse impulso de querer o outro a qualquer custo, achamos que temos a posse do outro, daí tantos crimes passionais cometidos.
Mas, porque que mesmo sabendo que a paixão pode ter seus maus efeitos colaterais, ela é a primeira coisa que buscamos num relacionamento?
Sim, porque quando não existe paixão num relacionamento, achamos que não há vida, não há afeto...Mas, será mesmo que é assim? Não existe um bom relacionamento sem o elemento paixão?
Bom, acho que isso depende de cada pessoa e da vivência de cada pessoa, da sua personalidade, do seu temperamento. Em minha opinião, quanto mais amadurecemos emocionalmente mais vamos nos distanciando da paixão, pelo menos, no que diz respeito a essa paixão química, por impulso.
Sinceramente acho que um relacionamento sem paixão, pode ser tão bom e cheio de emoção quanto qualquer outro com paixão, depende, obviamente das pessoas envolvidas nesse relacionamento e do que elas querem para ele.
Quando não estamos sob o domínio da paixão, estamos livre para fazer escolhas conscientes, não nos tornamos escravos do impulso, sendo assim, não tomamos atitudes precipitadas e que nos causará arrependimento, com tanta frequência. Pensamos e sentimos as coisas com mais clareza!
Um dos componentes que impulsiona a paixão, com certeza é a atração física e a sexual e geralmente quando ela começa a diminuir, a paixão começa também. Num relacionamento sem paixão, este componente existe, mas, não tem tanto impacto, as pessoas não se relacionam baseadas somente nisso, portanto outros componentes como o respeito, a amizade, a cumplicidade se tornam tão mais importantes quanto a atração que é relativa. Isso faz com que se torne mais simples, de repente, um futuro rompimento, caso seja necessário, sem que uma das partes se sinta tão mal a ponto de odiar a outra, coisa que se torna quase impossível quando estamos apaixonados e o outro termina, a vontade que a pessoa apaixonada tem vai de sentimentos de vingança, até mesmo ficar completamente deprimido.
Quando estamos apaixonados parece que nos esforçamos mais para agradar e fazer com que a relação dê certo, afinal a vontade de ter o outro é muito intensa, mas, como já citado esse mesmo empenho, não sobrevive ao primeiro obstáculo ou ao primeiro indício de mudança ou diminuição da paixão, pois, não há uma maturidade de se prever esses acontecimentos e lidar com eles de forma prática. Já quando não estamos apaixonados, já sabemos que todo o relacionamento passa por mudanças, sabemos que a empolgação inicial se deve ao fato das pessoas envolvidas serem desconhecidas, o mistério nos causa curiosidade e conforme vai havendo intimidade, essa empolgação vai diminuindo, vamos nos descobrindo, mas, isto não é motivo para se esfriar, pois, podemos dar lugar a admiração ao invés da empolgação e agirmos baseados na admiração que temos pelo o outro.
Como se vê a paixão pode ser o que dá a liga, mas, também pode ser o que separa. Um relacionamento sem paixão, baseado em valores e sentimentos mais profundos, se bem aproveitados, nos faz aproveitar a vida ao lado de alguém de forma mais serena, e por que não, divertida?
Achamos que um relacionamento sem paixão, sereno, não é divertido. Pois, não há aquele "caos", aquele impulso, que causa muitas brigas e discussões e geralmente termina numa cama, em meio a beijos ardentes de paixão. Achamos que precisamos sempre estar a beira de um ataque de nervos, precisamos sempre sentir aquele frio na barriga, o famoso "entre tapas e beijos", pois, isto é sinal de que gostamos e de que estamos apaixonados.
Parece não haver o espaço para o bom senso, a doação, o comprometimento, a razão. Mas, volto a dizer, isto tudo depende muito do que as pessoas querem e desejam e de suas personalidades e temperamentos, não é a paixão em si, que faz algo ser ardente e divertido. São as pessoas envolvidas que fazem com que o relacionamento seja assim ou não, não é necessário ter paixão para você fazer coisas divertidas e emocionantes, porque na paixão isto implica em se sentir, eu sinto paixão por isso faço coisas boas, divertidas e excitantes, mas, quando não existe a paixão, você pode simplesmente decidir ser assim.
Eu decido conscientemente tomar tal atitude para ter tal resultado, independente de se sentir essa paixão, claro desde que a pessoa realmente goste da outra, pois, quando não gostamos, não nos importamos com o outro. Então, uma pessoa pode tomar certas atitudes, por exemplo, para apimentar a relação, sem necessariamente sentir esse impulso (que seria natural na paixão), pois, entende que tal atitude vai ajudar a ter um resultado positivo na relação e isso é o que importa. Tudo isso parece muito mecânico e até frio, mas, não acho assim, tudo depende da forma com que você vê e age, se você é uma pessoa mecânica e fria, tudo o que fará será assim!
Há muito mais o que se escrever e pensar sobre isso, existem muitas vantagens e desvantagens.
Mas, de uma coisa eu tenho certeza, um relacionamento pode e deve ser bom, com ou sem, paixão. Basta que os envolvidos tenham consciência, boa vontade e não tenham preguiça de se empenhar e tentar!
LailaMell