"O desejo sexual é um fenômeno subjetivo extremamente complexo, para cuja origem contribuem significativamente as fantasias sexuais, os sonhos sexuais, a iniciação do comportamento sexual, a receptividade ao e do par sexual, as sensações genitais, as respostas aos sinais eróticos no meio ambiente e muitos outros fatores. Muito ao contrário do que pensam alguns, o desejo sexual do ser humano adulto, maduro e consciente não se resume à simples pulsões fisiológicas, tal como é o caso da vontade de comer ou da vontade de beber. Sexo por impulso, ou seja, exclusivamente biológico, acontece nos animais e no ser humano imaturo, biológica ou mentalmente. No ser humano maduro e consciente considera-se que o desejo sexual seja um complexo vivencial formado por três componentes principais; a biologia, a psicologia e a socialização. Interessa aqui esses três componentes interagindo continuamente uns com os outros. A expressão "desejo sexual" envolve a inclinação humana para o comportamento sexual, o qual tem início tanto na cultura, através da motivação sexual, como na pessoa, através do impulso sexual." (http://www.psiqweb.med.br)
Existe um certo apelo no sentido de determinar o quanto nosso desejo sexual é "normal ou anormal", nisto entram questões como a quantidade de vezes em que praticamos sexo, as posições, o desempenho, a vontade, se somos fogosos ou não.
Afinal para muitos, a falta do desejo sexual implica em a pessoa estar de certa forma "doente", ainda que tal pessoa não se sinta assim, aliás, muitas pessoas nem sentem desejo sexual e são satisfeitas e felizes dessa forma, sozinhas ou acompanhadas, essas pessoas se nomeiam ou as nomeiam como assexuadas e não reprimidas ou frigidas.
Obviamente que o sexo além de ser uma das grandes fontes de prazer, de fazer bem a saúde, é também a única forma natural de reprodução. Mas, apesar disso, nem sempre o desejo sexual vem junto no pacote.
Podemos nos referir ao sexo como tendo até três funções distintas, porém, não únicas: para fins reprodutivos (procriação); Para fins onde o sexo é apenas usado como fonte de prazer e satisfação de desejos e fantasias sexuais e tudo o que isso implica; E existe ainda a função "espiritual" em que a relação sexual é vista como uma experiência transcendental como ocorre no sexo tântrico (quando praticado de forma correta e ética).
Não vou discutir aqui qual a melhor ou a pior, porque isso cabe a vivência de cada um e creio que na vida é possível vivenciar essas três funções do sexo, juntas/separadas ou não. A questão importante é a imposição de um desejo sexual comum a todos e esta imposição é a responsável por tantos problemas que enfrentamos como o preconceito e a discriminação em relação ao sexo.
Como se pode analisar no texto que usei como referência, existem diversas formas de vivenciar ou não este desejo sexual, ou seja, este desejo não é tal como a necessidade de comer e beber afinal nunca ouvimos algo como "fulano(a) morreu por falta de sexo", porém, já ouvimos muitos casos em que as pessoas morrem de sede e de fome.
Sendo assim creio eu, ser leviano demais afirmar que o sexo é algo fundamental a existência humana, sim, o ser humano existe devido a uma relação sexual, mas, se a intenção não for a de procriar a função do sexo como impulso exclusivamente biológico e fisiológico deixa de existir como obrigação e passa a ser opcional na vida humana, podendo ser vivenciadas de diferentes maneiras.
Então cada um vai ter um tipo de motivação sexual que pode levar ou não ao desejo sexual, o que motiva, o que estimula um pode ser exatamente o que desmotiva ou desestimula o outro.
Tem pessoas que fazem sexo para saciar o seu impulso, ai vão a procura do outro apenas para se satisfazer. O outro funciona ali como um "objeto saciador, um tira-fome", tão logo a vontade é saciada já não há mais razão de se manter ou querer a pessoa ali do lado, afinal se não estamos mais com fome, paramos de nos alimentar...
Existem aqueles que fazem sexo para satisfazer o seu Ego, então a pessoa vai a procura do outro para se sentir bem consigo mesma, para se validar como pessoa, então ela faz sexo com o outro para se sentir bonito(a), gostoso(a), ser a "boa de cama". Provar para si mesmo que tem uma ótima performance, ela até quer dar prazer ao outro, mas, apenas para exercer o poder dela no sexo e não necessariamente porque se importa com o prazer do outro. Seria algo como fazer sexo olhando para o espelho e ficar admirando sua própria performance e não a relação sexual em si, que está ocorrendo naquele momento, ou seja, não há uma entrega total nesse sentido, não existe interação, apenas uma conexão superficial focada no prazer dos genitais e nas mais variadas posições e realizações de fantasias sexuais...
Existem aqueles que fazem sexo por amor ou por ter algum sentimento de afeto pelo o outro, pessoas assim nem sempre sentem desejo sexual pelo o outro, mas, por amarem ou se sentirem afetivamente próximos acham que necessariamente o desejo sexual irá surgir como que num passe de mágica e vai ser obrigatoriamente um desejo ardente e longo, mas, nem sempre esse desejo surgi mesmo a pessoa gostando muito da outra...
Como podemos ver, existem diversas formas de vivenciar o sexo, não só pelas definições acima, como muitas outras. No entanto, o desejo sexual está ligado a motivação sexual que está ligada ao estímulo sexual. O estímulo se inicia no impulso (biológico) sexual de cada pessoa, que pode variar por questões orgânicas, hormonais e psicológicas e a motivação sexual se inicia com a cultura de cada pessoa.
Quando tentamos definir isso através de regras, padrões, homogenização, muitas pessoas que não se enquadram se sentem inferiores ou aquém dos outros, porque começam a se comparar ou outros começam a compará-las com esses padrões, assim dificilmente a pessoa irá se motivar sexualmente.
A pessoa em determinado momento poderá até procurar ajuda médica, mas, nem sempre a questão é médica e geralmente a pessoa procura ajuda porque o companheiro(a) está reclamando ou está insatisfeito(a) com o seu desempenho, dificilmente algo poderá ser feito já que a pessoa se sente mal não pela falta do desejo em si e sim porque não quer mais decepcionar o outro.
Não tenho respostas prontas para a resolução do problema da falta do desejo sexual, pois, nem sei se isso é um problema crucial na relação, o que eu acredito é que o desejo passa a ser um problema quando começa a ser padronizado, medido, exigido, obrigatório.
O que com certeza é válido nesses casos é o autoconhecimento, é se libertar das amarras do que é ser normal ou anormal nesse sentido, é se respeitar, respeitar os seus limites e aprender a respeitar os limites do outro em se querer ou não. É necessário entender que o que me causa excitação, o que me motiva sexualmente, o que me causa desejo nem sempre vai causar o mesmo efeito no outro, ás vezes, irá causar repulsa e afastamento.
Então se alguém dá muito valor a isso em detrimento a outros aspectos da relação, como por exemplo, afeto, companheirismo... Ao invés de se perder tempo tentando mudar o desejo do outro, seria mais prudente procurar por um(a) parceiro(a) compatível que tem uma motivação e desejo sexual semelhantes as suas.
Se por acaso a pessoa tem vontade de ter um desejo e desempenho sexual melhores cabe a essa pessoa procurar por ajuda, o outro neste momento pode oferecer seu apoio, mas, não obrigar o outro a se enquadrar ao seu desejo, ou tentar estimulá-la com palavras de efeito como: - "Sei que você tem um grande potencial, só precisa querer, isso vai fazer bem pra você, não é por mim é por você, você precisa se libertar....; Ou coisas como: Meu (minha) ex era assim ou assado na cama, ele(a) não me dava sossego"...
Palavras como essas só fazem piorar a situação, fazendo o outro se sentir diminuído. Então nada de bancar o super-herói, a(o) terapeuta, nessas horas.
Palavras como essas só fazem piorar a situação, fazendo o outro se sentir diminuído. Então nada de bancar o super-herói, a(o) terapeuta, nessas horas.
Quem ainda acha que o amor é igual a sexo que é igual ao desejo ou vice-versa, após refletir um pouco sobre tudo o que foi escrito, verá que a coisa não é tão simples e automática assim.
Observará que esses três componentes podem coexistir, mas, ao mesmo tempo podem existir de forma separada, então uma motivação sexual e um desejo sexual comum a todos não existem.
Quem vai determinar isso é o autoconhecimento próprio de cada pessoa, a honestidade em se aceitar e a forma com que a pessoa vai lidar com isso.
Se isso causa ou não sofrimento? Se é necessário fazer algo a respeito para mudar? Quem decidi isso é a própria pessoa e não o outro, o outro não deve jamais servir de parâmetro.
Porém, o Respeito por si próprio e pelo o outro, devem ser a base de tudo, Sempre!
LailaMell
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