domingo, 10 de fevereiro de 2013

Independência, Carência e Afins...

Relacionamentos, como deixar de falar nesse assunto?

Ele faz parte da vida da gente, pode ser virtual, a distância, tete a tete, de amizade, de namoro, de casamento, sexo casual, de trabalho, por interesse, não importa...são relacionamentos...

E nesse contexto de relacionamento que tal inserir o assunto Independência, Carência e Afins?

Sim! Porque hoje em dia é quase que um crime inafiançável pensar e falar em carência dentro de um relacionamento, afinal a bola da vez é a total independência, financeira, emocional, física, não é mesmo?

Mas, antes disso que tal analisarmos o que é independência e o que é carência...

Segundo o dicionário independência é:  
O estado de não se achar sob domínio ou influência estranha. 
E carência é:
1. Falta do que é preciso. 2. Necessidade.
3. Privação.

Considerando esses significados acima, acho que vale rever todo o nosso conceito ou preconceito em relação a independência, carência e relacionamento. Vivemos em um mundo puramente consumista ( pelo menos a maior parte das pessoas vivem em um mundo assim ), onde a aparência do ter, vale mais do que o ser, onde o status conta mais do que qualquer valor moral e virtude de caráter. Pensando nisso, num relacionamento existe uma carência ou seja, existe a busca por algo, não importa o que seja, existe esse buraco, essa falta, essa privação...
E é a ânsia por esta busca, para preencher este vazio que vai fazer toda a diferença em nossa vida e definir o quanto somos escravos dessa carência ou independentes dela.

Admitindo ou não, Todos  somos passíveis a esta carência. Ninguém é tão autossuficiente a ponto de não precisar de algo ou alguém, todos estamos inseridos numa cadeia de dependência, independência e inter dependência.

Só que existe diferença entre você sentir e admitir que necessita ou sente falta de algo ou alguém e entre você se achar sob o domínio ou influência deste algo ou alguém.
Para ser mais específica existe diferença entre você sentir e admitir que sente falta de ter mais e melhores amigos, por exemplo, e você se achar sob domínio desta carência e fazer absolutamente qualquer coisa, seja algo digno ou não, para conseguir ter esses amigos. Então sob o domínio dessa carência, se para você ter esses amigos, você tiver que abrir mão de sua personalidade, seus gostos, sonhos e desejos, suas opiniões e dai por diante apenas tornar-se mais uma "cópia sem identidade própria", desses supostos amigos, você assim fará!

Afinal você está sob o domínio desta carência, abriu mão de sua independência, que neste caso seria a liberdade de que apesar dessa falta (carência), você prefere não abrir mão de si mesmo. Porquê acredita que verdadeiros amigos vão querer você, como você é.
Podem querer que você melhore em alguns aspectos, afinal ninguém é perfeito, mas, ainda sim o aceitarão como você é!
Este é um exemplo que serve de base para outros relacionamentos, como trabalho, até que ponto você abre mão dessa sua independência, se submete, para manter algo que considera importante?

E será que se estamos conscientes de que estamos sob o domínio dessa carência, isso faz com que nossa independência seja mantida apesar da carência?

Respostas fáceis não existem, cabe a cada um conhecer a si mesmo, afinal cada um sabe onde seu calo aperta e quando você sente sua dor, só você sente, ninguém por mais presente que seja, sentirá por você...

De nada vale vestir uma fantasia do "eu não preciso de nada e nem de ninguém, eu me basto", e encobrir algo que está lá e é real e mais uma vez apenas aparentar ser algo que não existe, ou seja, apenas mais uma vez manter o status do "eu pareço ser, mais não sou".

Deixo claro que em minha opinião, não é a admissão de uma carência que nos torna carentes ou dependentes e muito menos isso significa ser sinal de fraqueza, e sim a maneira que lidamos com essa carência, isso que nos torna escravos ou livres. Enquanto você sentir que tem escolhas, enquanto conseguir se enxergar em meio a multidão, ainda estará livre, mas, se já se perdeu, volte imediatamente do início e recomece, não queira ser só mais um, ouça sua voz, ouça seu coração bater, faça a diferença, nem que seja para si mesmo!

Então da próxima vez que alguém lhe questionar se você está carente, não se envergonhe de dizer que sim, que admite sentir falta de algo ou alguém, mas, que estar carente não significa ser carente, você pode estar carente independentemente de ser!

                                                          LailaMell