sábado, 7 de abril de 2012

Qual A Diferença Entre Julgar e Condenar?

Acredito que todos julgam, não importa se expressamos ou não este julgamento, estamos sempre julgando isso é implícito a uma mente racional como a nossa, estamos sempre de alguma forma supondo coisas sobre as situações e pessoas.

Acho que o que deve ser analisado aqui não é o ato de julgar ou não, e sim o de se condenar ou não, e não podemos ou pelo menos não devemos condenar a ninguém, pelo menos não da forma como costumamos condenar. Afinal tudo o que vemos, pensamos e a forma como agimos é só parte de um todo muito mais amplo e complexo. E quando condenamos tiramos a possibilidade de uma nova chance, uma nova percepção de todo o resto que ainda existe.

Um fato interessante é que existe nos evangelhos canônicos ( não sou nenhuma autoridade no assunto e nem uma leitora assídua, mas me lembro dessa passagem), uma afirmação de que  se estamos vendo um erro na vida do nosso irmão e este é um erro do qual não cometemos mais - pois, se ainda o cometemos, seremos hipócritas ao repreende-lo - devemos exortar este irmão sobre o seu erro, mas, não devemos condená-lo jamais. Afinal, " Assim, pois, aquele que pensa estar de pé  tome cuidado para não cair..."

Lembro-me também daquela passagem em que Jesus foi colocado numa situação difícil pelos fariseus (que eram as pessoas consideradas moralmente exemplares da época e que geralmente se sentiam no direito de condenar quem não fosse como eles), na qual trouxeram-lhe uma mulher que fora pega em adultério. Naquela época (como até hoje em muitos países árabes)  quem fosse pego em tal ato deveria ser apedrejado até a morte. Jesus, que era a frente do seu tempo e conhecia a intenção dos fariseus, reconheceu o erro da mulher ou seja, ele fez um julgamento, não tentou negar o ato e nem usar justificativas para o ato e muito menos racionalizar. Porém, não a condenou, ou seja, não mandou que a apedrejassem imediatamente, antes deixou que essa condenação se viesse, que viesse dos fariseus, por isso, disse:
" – Aquele que não tiver pecado (erros, falhas) que atire a primeira pedra..".

Ou seja, ele fez com que os que a queriam condená-la pensassem cada um sobre os seus próprios erros (ou pecados, como queiram). E pensando sobre esses erros, se alguém se sentisse tão puro, tão inocente, a ponto de condená-la, que então atirasse a primeira pedra. Não houve ali ninguém que atirasse uma pedra sequer, isso porque se alguém o fizesse teria consequentemente que condenar a si mesmo em alguma falta, nesse caso e na época, de acordo com a Lei de Moisés.. Assim, após ver que os que a queriam apedrejá-la tinham ido embora, Jesus, disse-lhe: " -Vá  e não peques mais"…

Ou seja, ele não a passou nenhum sermão, não a condenou, apenas a olhou nos olhos e a aconselhou para que não fizesse mais aquilo, afinal toda a ação tem uma reação e aquele acontecimento poderia ter tido um fim trágico. Não sabemos se essa mulher era a tal Maria Madalena e muito menos se ela continuou a cometer o mesmo erro, os evangelhos não relatam nada disso. Também pouco importa se é uma história verídica ou fora inventada, o que nos interessa é o principio, o ensinamento por trás dessa história, sendo assim, Jesus ali demonstrou como devemos julgar:

Primeiro: não podemos cometer o mesmo erro ao qual julgamos, senão, seremos hipócrita.

Segundo: mostrar o erro da pessoa não significa condená-la e muito menos humilhá-la, apenas oferecer a ela uma nova visão (percepção) sobre o ato, um novo caminho, uma nova oportunidade de reverter a situação ou mesmo recomeçar do ponto da onde parou.

Afinal quem de nós quer atirar a primeira pedra? Eu não, e você?

                                                              LailaMell

2 comentários:

  1. Poxa , como eu gostei de seu texto! Parabéns! Definiu bem o conceito de julgar e condenar.

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  2. Parabéns!
    Que D-us continue lhe abençoando!

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