"Manifestantes se reúnem na tarde deste sábado (26), para a segunda edição da Marcha das Vadias. A manifestação é contra os abusos sofridos por mulheres, essa manifestação é inspirada no movimento mundial intitulado "Slut Walk", criado em abril do ano passado, após a polícia de Toronto, no Canadá, dizer que, para evitar estupros, as mulheres deviam deixar de se 'vestir como vadias". "Nem santa, nem puta. Livre" foi o lema da Marcha das Vadias, que aconteceu em São Paulo e em outros estados brasileiros." ( Fonte: Portal Yahoo Notícias).
O que isso tem a ver comigo? O que isso tem a ver com você?
Tudo!
Li essa reportagem e li vários comentários, uns a favor e outros contra, muitos dos que eram contra, na verdade não entenderam muito bem o sentido desta manifestação. Não entendi esta manifestação como uma marcha pró prostituição entendi, como uma forma irônica de chamar a atenção para algo cada vez mais crescente no Brasil e no mundo, o abuso e a violência contra as mulheres.
Muitos dos comentários contrários a manifestação falavam sobre o fato de as mulheres saírem nas ruas quase que peladas. Outros se referiam a existirem muitas músicas em que nas suas letras denigrem as mulheres, as rotulando como objetos sexuais, cachorras e dai para baixo e as mulheres, ainda ficarem lá rebolando contentes e felizes por serem as gostosas da vez. Dos programas de TV, só mostrarem as mulheres de biquíni. Bom eu não vou nem entrar no mérito de discutir sobre isso, porque para mim, trata-se de um fenômeno sociológico e histórico, certo ou errado é outra questão ( um dia eu compartilho isso...quem sabe...rs).
A questão é: O fato de as mulheres se "vestirem como vadias" dá o direito e justifica, a violência e o abuso contra elas? É sobre isso que espero que analisemos e não sobre a vestimenta ou a falta de vestimenta das mulheres...
Ora, estamos no século XXI, no ano de 2012, tivemos tantas revoluções, a tecnologia não para de crescer e inovar, no entanto, ainda nos comportamos como seres primitivos e irracionais, mas, claro, de terno e gravata, um belo Scarpan e um carro do ano, porque afinal, primitivo sim, mal vestido(a) e pobre, jamais! (risos)
Vamos pensar bem, se temos um impulso sexual e este é moldado pelas regras (leis) de convivência em sociedade, regras estas, que nos diz os limites, o que se pode ou não fazer (pelo menos em público), o que nos impede de sair por ai atacando literalmente um ao outro, baseados somente neste impulso? Não seria o caráter ou o medo de ser punido?
Pensando dessa forma, se atacar alguém, no caso sexualmente, sem que a outra pessoa esteja de pleno acordo, não seria um crime ou uma violação a uma regra (lei)?
Se a resposta for sim, o que muda o fato de a outra pessoa estar ou não, adequadamente vestida? O impulso é seu, no caso quem está tendo o impulso é quem deve controlá-lo ou então sofrer a punição por não saber ter esse controle.
Ou então, também podemos usar essa justificativa para furtar/roubar um dinheiro ou um objeto que não nos pertence, afinal ele estava lá, dando bandeira, o outro estava ostentando sua riqueza, por isso eu roubei... É ai que eu quero chegar, não há dois pesos e duas medidas nesse caso, não podemos ficar usando de justificativas para os nossos atos, pois, se começarmos a fazer isto, pode ter certeza que encontraremos justificativas para absolutamente tudo e que o mundo será um lugar inabitável, sem limites, sem regras e sem lei. E isso não tem nada a ver com a liberdade, pois, se duas pessoas se sentem livres para fazerem o que bem entendem e querem, uma inegavelmente estará infringindo o espaço e a liberdade do outro, ou seja, sem esses limites, sem as regras, não há acordo, alguém será prejudicado e sua liberdade estará em risco, logo ela deixará de existir.
Então que tal pensar nisso, se existe uma lei que diz que o abuso sexual, o estupro e a violência são crimes, não cabe a nós, nos justificarmos e dizer que em casos em que a mulher está dando "sopa" se vestindo como uma "vadia" ela está querendo ser violentada. Afinal, em países árabes em que as mulheres se cobrem da cabeça aos pés, muitas, são violentadas da mesma forma, a diferença é que pela cultura desses países, muitos desses fatos não são relatados e as mulheres sofrem caladas por acreditarem que esse é seu destino.
Qualquer homem ou mulher, que se deu conta do seu potencial humano e que analisa as coisas, chegará a conclusão que viver num mundo machista e violento, não é vantagem nem para os homens e nem para as mulheres, e muito menos para as crianças. Claro, que num primeiro momento, viver num mundo patriarcal, machista e fundamentalista, parece algo vantajoso para os homens e protetivo para as mulheres, mas, é só analisar mais profundamente e veremos que isso é somente uma aparência de vantagem, muitas guerras tem seu ponto de partida exatamente ai nesse patriarquismo, mas essa é outra história...Também não faço campanha pró-feminismo porque a meu ver ele é só o outro lado da moeda do machismo, tudo, que pra mim, termina em "ismo" é preocupante pois, parte de uma ideologia e consequentemente quem não segui-la será condenado e perseguido, a meu ver, a questão é que todos são iguais perante a Lei e que existe os Direitos Humanos e eles devem ser seguidos e praticados por todos os humanos independente de cor, gênero, condição social, crença e religião, ou falta de crença e religião, condição ou opção sexual, idoso, adulto, adolescente, criança.
Para terminar que tal pararmos então de justificar nossas insanidades e entender que a violência, o estupro e o abuso sexual são Crimes Sim! E que uma mulher estar ou não adequadamente vestida, não torna o crime mais ou menos pior ou mais leve, ainda é crime e deve ser punido como tal!
LailaMell
As mulheres devem ser respeitadas sempre. É algo incrível termos notícias de estupros as mulheres na Índia, como também a violência psicológica também.
ResponderExcluirDouglas